segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Arte expressão da Realidade

Introdução:


Este trabalho tem por objetivo apresentar a história de Ir. Ana Graça, embora não sendo brasileira ao morar muitos anos em Salvador a exemplo de Carybé se apaixonou pela a vida, a fé, a esperança e a alegria do povo, matéria prima para sua arte. Foi na atuação missionária com comunidades carentes, sobre tudo no trabalho com mulheres sofridas, que percebeu que embora machucados este povo com o qual convivia tinha força para lutar.
Em suas pinturas, embora de cunho religioso, é possível ver o cotidiano de mulheres, crianças, famílias, e outros em uma adaptação de cenas bíblicas com a vida do povo.

A pintora Ir. Anna Grazia Bressan, nascida em 23 de setembro de 1944, na cidade de Pozziuli del Friuli-Udine –Italia. Religiosa da Congregação das Ancilas do Menino Jesus. Dedicou-se a educação de crianças. Foi enviada em missão ao Brasil no ano de 1984, precisamente em Salvador, onde atuou em varias comunidades da periferia e do interior da Bahia. Foi durante este período de missão na Bahia que começou a trabalhar com pintura de belíssimos quadros. Morre aos 62 anos, após seis meses de luta contra um câncer, no dia 17 e fevereiro de 2007. Durante seus últimos dias no hospital pediu que lhe levassem o quadro de Nossa Senhora, que ela havia pintado*, e questionada pelo médico se era uma artista plástica? Ela respondeu: “não, a minha escola de belas artes foi sempre a vida, a fé, a esperança e a alegria do povo.” Seus quadros estão espalhados pela Europa, América Latina, e Brasil.


Embora Ir. Anna Grazia, não seja brasileira eu a escolhi para realizar a pedido da professora Neila Maciel, um trabalho sobre um artista contemporâneo brasileiro, pelo motivo de ter sido no Brasil, precisamente em Salvador que iniciou o seu trabalho com pintura, por retratar em seus quadros temas típicos da vida baiana, quer seja da cidade quer seja do interior, o que a torna uma artista brasileira a exemplo de Carybé.
Ao ser enviada em missão para o Brasil, a Ir. Anna depara-se com uma realidade totalmente diferente da sua de origem. A realidade do sofrimento do povo lhe causava um sentimento de indignação e incapacidade perante tanta dor. Mas, ao mesmo tempo se encantava com a força, com a resistência, com a coragem de lutar deste mesmo povo. Sua atuação missionária esteve sempre ao lado de movimentos que buscava melhores condições de vida para o povo, contudo o seu sentimento de sofrimento perante a realidade por ela contemplada gerou uma profunda tristeza e a beira de uma depressão, segui o conselho de uma amiga colocar no papel, ou em algum tipo de arte tudo aquilo que lhe causava dor, assim ela começa a pintar. O que era dor para Ir. Anna Grazia, agora se tornou matéria prima para o seu trabalho.
O trabalho de Ir. Anna Grazia brotou da dura realidade do povo, como de tantos outros artistas, ela nunca freqüentou uma escola para isso, o que a torna uma artista popular. Seus quadros contem temas variados, mas em todos se baseia na vida do povo. Seu trabalho é de cunho religioso, onde ela faz uma releitura bíblica retratando senas bíblicas, porém adaptando-as para a atualidade, no lugar do Cristo na Cruz o povo crucificado, ou personagens da Sagrada Escritura ganhavam características físicas e culturais do povo do campo ou da periferia, como é o caso do quadro da Santíssima Trindade, onde a Trindade está rodeada de pés de cacau, mulheres, e crianças.
Um fator que é visível em suas pinturas é a presença da força feminina que embora sofram é resistentes, ela as retratada como semente que desabrocha. Crianças sofridas, abandonadas, desprezadas. Famílias crucificadas representando os sofrimentos por elas enfrentados, ou a desestruturação da mesma, outro fator que chama a atenção de quem observa suas obras são a presença de mãos. Mãos que acolhem que ajuda que abraçam...
As cores de seu trabalho são cores fortes, que transmite vida, e denuncia, e valoriza a força e coragem de lutar. Mesmo sendo suas obras de caráter religioso, Ir. Anna as unem a campo social, pois usa das mesmas para fazer denuncia de um sistema que aprisiona e destrói a vida do povo.
Comparo Ir.Anna, se é que pode ser comparada a o artista que tanto mencionei o argentino Carybé, por ter ele retratado muito bem a realidade do povo baiano desde suas festas e tradições a exclusão social.


Considerações finais:

Pode-se concluir que embora, a Ir. Anna Grazia nunca tenha cursado nenhuma escola de pintura seu trabalho veio não com o intuito de ser pintora de fama, o que a torna uma artista popular, contudo a sua arte esta ligada a denuncia social da realidade do povo da periferia, e do interior, foi uma forma de expressar sua dor e solidariedade para com o povo ela mostra que verdadeiramente a arte pode servir como um meio para pressa-se e denunciar o que estar errado em nossa sociedade.
* algumas obras ao lado

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